Autobiografia de um Iogue

“Tudo pronto; terminei. Este livro mudará a vida de milhões de pessoas. Será meu mensageiro quando eu não estiver mais aqui”.

Paramahansa Yogananda, 1945

Saudado como obra-prima desde sua primeira publicação em 1946, Autobiografia de um Iogue foi honrado em 1999 como um dos “100 melhores livros espirituais do século 20”. No livro, Paramahansa Yogananda narra sua infância, a peregrinação em busca de seu mestre espiritual, a vida de cada um dos mestres de sua linhagem – Mahavatar Babaji, Lahiri Mahasaya, Swami Sri Yukteswar -, a fundação de uma escola baseada nos princípios da yoga, sua ida para os Estados Unidos e uma peregrinação pela Europa e Oriente, onde teve contato com grandes santos e mestres espirituais da época. É também um passo inicial seguro para quem deseja conhecer a ciência da Kriya Yoga, uma técnica científica avançada de meditação iogue.

A criação do livro foi profetizada há muito tempo. O venerado mestre do século 19 Lahiri Mahasaya, uma das figuras primordiais do renascimento da yoga nos tempos modernos, previu: “Aproximadamente cinquenta anos após a minha morte, escrever-se-á um relato de minha vida, em virtude do profundo interesse pela yoga que surgirá no Ocidente. A mensagem da yoga rodeará o globo. Ajudará a estabelecer a fraternidade entre os homens baseada na percepção direta do Pai Único”. Muitos anos depois, Swami Sri Yukteswar, discípulo de Lahiri Mahasaya, contou a profecia a Sri Yogananda: “Você precisa fazer a sua parte na divulgação dessa mensagem e no relato escrito dessa vida sagrada”.

Em 1945, exatamente cinquenta anos depois do falecimento de Lahiri Mahasaya, Paramahansa Yogananda terminou de escrever a Autobiografia de um Iogue, obra que cumpre os dois pedidos feitos por seu mestre: oferecer a primeira apresentação detalhada da admirável vida de Lahiri Mahasaya e divulgar no mundo inteiro a antiquíssima ciência espiritual da Índia.

Paramahansa Yogananda trabalhou durante muitos anos no projeto de criação da Autobiografia de um Iogue. Sri Daya Mata, uma das suas primeiras e mais fiéis discípulas, relembra alguns detalhes: “Quando vim para Mount Washington em 1931, Paramahansaji já tinha começado seu trabalho na Autobiografia. Uma vez, enquanto eu realizava algumas tarefas de escritório em seu estúdio, tive o privilégio de ver um dos primeiros capítulos que escreveu: o do ‘Swami Tigre’. Ele me pediu que o guardasse, explicando que faria parte de um livro que estava escrevendo. A maior parte do livro foi escrita mais tarde, entre 1937 e 1945”.

Edição mais recente da obra em português

De junho de 1935 a outubro de 1936 Sri Yogananda esteve na Índia para se encontrar com seu guru Swami Sri Yukteswar pela última vez. Durante sua estada ele compilou grande parte dos dados históricos para a Autobiografia, além de relatos sobre alguns dos santos e sábios que conheceu e a quem descreveria tão memoravelmente no livro. Mais tarde ele escreveu: “Nunca me esqueci do pedido de Sri Yukteswar para que eu escrevesse sobre a vida de Lahiri Mahasaya. Durante minha permanência na Índia, aproveitei todas as oportunidades para entrar em contato com discípulos diretos e parentes do Yogavatar. Registrando suas declarações em volumosas anotações, eu verificava datas e fatos, reunia fotografias, cartas antigas e documentos”. Depois de voltar aos Estados Unidos no final de 1936, Yogananda começou a passar grande parte do tempo no eremitério construído para ele durante sua ausência – em Encinitas, cidade ao sul da costa californiana. O eremitério foi o lugar ideal para se dedicar a terminar o livro iniciado anos antes.

Na edição de 1951, Sri Yogananda escreveu na “Nota do autor”: “Fiquei profundamente comovido ao receber cartas de milhares de leitores. Seus comentários e o fato de que o livro foi traduzido em muitas línguas dão-me incentivo para acreditar que o Ocidente encontrou nestas páginas uma resposta afirmativa à pergunta: ‘Pode a antiga ciência da yoga ter lugar e valor na vida do homem moderno?”

Com o passar dos anos, os “milhares de leitores” se converteram em milhões, o que evidenciou cada vez mais a atração universal e perene da Autobiografia de um Iogue. Setenta anos depois da primeira edição, a obra ainda consta como best-seller nas listas de livros metafísicos e inspiradores. A obra foi traduzida em 48 idiomas e é usada em universidades do mundo todo.

Conforme a previsão feita há mais de um século por Lahiri Mahasaya, a mensagem da yoga e sua antiga tradição de meditação realmente deu a volta ao mundo.