Um por todos e todos por um

 

Mahatma Gandhi acredita no Deus único e na fraternidade universal. Não faz distinção entre cristãos, hindus ou párias. Afirma que quem segue a verdade e ama a Índia é indiano. Chama de indianos a todos os seus seguidores, sejam cristãos, hindus ou muçulmanos. Diz: “Abaixo o patriotismo que desconsidera o amor patriótico das outras nações e a liberdade das outras nacionalidades!”

O patriotismo precisa incluir o bem-estar internacional. Gandhi acredita na doutrina “um por todos e todos por um”. Fundamentalmente, sua doutrina é diferente dos princípios comunistas, no sentido de que os métodos políticos do comunismo são baseados na força, enquanto Gandhi ensina a conquista da poderosa força bruta, inferior, pela força espiritual, que é superior. Ele diz que o ódio alimenta o ódio – mas nunca o vence. Um homem forte pode tiranizar suas fracas vítimas, mas não consegue subjugar o próprio ódio oculto que sente. Se a vitima recebesse auxílio repentino, vingar-se-ia do fortão duas vezes, mas se o inimigo fosse vencido pela chama do amor, a vitória seria mais permanente, grandiosa e livre de todas as sementes de possíveis surtos de ódio oculto e desgraça.

Gandhi diz o seguinte: se você tem uma arma e seu poderoso inimigo tem outra, mas você fica com medo e foge dizendo “eu o perdoo”, então você é um covarde. É melhor usar a arma do que ser um covarde; mas ele aconselha o uso de uma arma superior em vez de sair correndo ou atirando, quando confrontado com um inimigo armado disposto a fazer algo errado. A arma superior é a “resistência pelo amor e a não cooperação com as maldades do inimigo”. Praticar isso o tornará uma pessoa realmente vitoriosa e espiritual.

Numa família de dez irmãos, se o mais jovem enlouquece de raiva e pega uma espada para matar os outros, e se o mais velho empunha outra espada e corta a cabeça do irmão menor, dizendo para sua mãe: “Matei meu irmão menor para salvar o resto de teus filhos”, a mãe exclamará: “Oh, meu filho, como você pôde cortar a cabeça de meu filho mais moço, seu querido irmão?” e romperá em soluços.

Teria sido muito melhor se, em vez disso, o filho mais velho dissesse: “Mãe, meu irmão mais moço enlouqueceu e levantou uma espada para matar todos os outros irmãos. Mas eu me coloquei à sua frente, desarmado, e disse: ‘Oponho resistência a você com meu amor e imploro que não mate, mas se quer matar alguém, mate primeiro a mim.’ Mãe, meu irmão menor não percebeu o que fazia, até que o convenci de meu amor inofensivo, que não retaliava nem se irava, embora ele tenha enterrado a espada em meu braço. Depois do primeiro golpe, derrotado pelo amor, ele quebrou a espada, tratou de minha ferida e pediu que eu o perdoasse.”

Se Deus, com todo o Seu poder, punisse o ser humano, onde estaríamos? Deus não usa a força material para nos influenciar; usa o poder autorreformador do amor para nos converter. Com Seu amor, Deus se torna Pai, o objeto mais querido de todas as nossas aspirações.

 

Tradução não oficial de trecho do livro O Romance com Deus (pág. 123)

 

 

O Romance com Deus está à venda pelo site da Livraria Omnisciência.