Na próxima terça-feira, dia 06 de março, a partir das 19h30, faremos a celebração do mahasamadhi de Paramahansa Yogananda. Haverá flores disponíveis no templo, mediante donativos. Lembramos que a arrecadação das ofertas realizadas no altar, são enviadas para SRF.
Guruji uniu-se voluntariamente a Deus no dia 7 de março de 1952. Seu Mahasamadhi ocorreu no Hotel Biltmore, Los Angeles, Califórnia (durante um jantar oferecido ao Embaixador da Índia).
A seguir, a tradução não oficial do último discurso de Paramahansa Yogananda, feito em seu mahasamadhi
“Sua Excelência, nosso Embaixador, ilustre e compreensivo Embaixador da Índia livre; Madame Sen, amável Consul Geral da Índia Mr. Ahuja, e Dr. Sharma e Dr. Saund, que trouxeram tanta harmonia e entendimento entre os povos da Índia, Paquistão e América; e todos os honrados convidados aqui presentes de todas as nações, todos os convidados aqui presentes da minha Índia, minha América, e do meu mundo. Eu reverencio o Deus em vocês.
Eu não estou aqui em uma função consultiva. Então vou relatar uns poucos fragmentos das minhas experiências. Me lembro de meu encontro com Mahatma Gandhi. O grande profeta trouxe um método prático de paz para o mundo moderno beligerante. Gandhi, que pela primeira vez aplicou os princípios de Cristo à política e que conquistou liberdade para a Índia, deu um exemplo que deveria ser seguido por todas as nações para resolver seus problemas.
Sua Excelência representa a grande Índia espiritual. Eu anseio que o Sr. traga o melhor da minha Índia para a minha América, e leve o melhor da minha América para a minha Índia. Mas esta é uma tarefa muito difícil, sem dúvida, pois neste mundo nações e homens estão todos um pouquinho malucos, e eles não sabem disso – porque as pessoas com o mesmo tipo de loucura se misturam. Mas quando pessoas com loucuras diferentes se reúnem e trocam ideias, eles descobrem suas próprias loucuras.
Certamente Sua Excelência poderá descobrir a bondade de diferentes nações. Eu penso que se pudéssemos reunir juntos os grandes homens de todas as terras – os grandes industrialistas da América e os homens bons de todos os países – nós poderíamos construir um tal modelo de civilização em que todas as nações afinal formariam um Mundo Unido, com Deus as guiando por meio de suas consciências.
A Índia tem grandes coisas a oferecer a vocês, e a América pode ajudar muito a Índia. Mas as pessoas com frequência se concentram nas falhas e não nas boas qualidades de uma nação. Me lembro que pouco antes de vir para a América pela primeira vez em 1920, fui advertido por amigos Hindus para nunca entrar em becos escuros, para que meu couro cabeludo não fosse removido por Índios Pele-Vermelha! E sempre que eu via um homem careca eu pensava que alguns Índios estiveram trabalhando!
Me lembro, também, que em 1920 eu estava um dia a caminho do litoral em Massachusetts quando percebi algumas placas de “Cachorro Quente”. Na minha imaginação vi todos os tipos de cachorros passando pelo cortador de carne! E pensei, “Meu Senhor, por que me trouxe para a terra onde as pessoas comem cachorros?” Perguntei a um homem o que havia dentro daqueles sacos misteriosos e ele disse, “Carne de porco e de vaca.” Suspirei em alívio ao descobrir que Americanos não comem cachorros.
Numa manhã eu estava passando por um campo vazio próximo a uma loja. À noitinha, ao passar pelo mesmo caminho novamente, vi uma casa erguida naquele campo. Perguntei a um homem se a casa estava lá pela manhã. “Não,” ele respondeu, “eles a colocaram aí há pouco.”
Quando penso em tamanha energia, gosto de ser um Americano. Mas quando fico sabendo de tantos Americanos milionários que morrem prematuramente após fazerem um bem sucedido negócio, aí eu gosto de ser um Hindu – sentar nas margens do Ganges e me concentrar na fábrica da Mente de onde arranha-céus espirituais podem vir, e pensar nos grandes mestres da Índia que são sua glória perene. Em algum ponto entre as duas grandes civilizações da América eficiente e da Índia espiritual reside a resposta para um modelo de civilização mundial.
Parece que existe sempre bastante dinheiro para a guerra, que traz em sua esteira grandes sofrimentos. Parece que não aprendemos com eles. Se podemos levantar dinheiro para matanças em massa, não poderíamos imaginar a possibilidade de se todos os grandes líderes e todos os povos se reunissem, poderiam arrecadar um grandioso fundo que baniria a pobreza e a ignorância da face da terra?
Eu confio e rezo, Sua Excelência, que o Sr. sempre enfatizará os aviões da compaixão de um país para o outro ao invés de aviões que carregam bombas para destruir. Trabalhemos pela paz no mundo como nunca antes. Queremos um congresso de cientistas, de embaixadores, de homens religiosos que constantemente pensarão em como fazer deste mundo um lar melhor, um lar espiritual com Deus como nosso Guia.
Eu tenho orgulho de ter nascido na Índia. Eu tenho orgulho de termos um grande Embaixador representando a minha Índia espiritual. Eu tenho muito orgulho hoje. Frequentemente eu digo:
Mesmo que fogos mortais destruam suas casas e seus dourados arrozais,
Para dormir sobre suas cinzas e sonhar com a imortalidade,
Oh Índia, aí eu estarei!
Deus criou a terra, e o homem criou os países confinantes
E suas imaginárias e frias fronteiras.
Onde o Ganges, as florestas, as cavernas do Himalaia, e os homens sonham com Deus –
Sou abençoado; meu corpo tocou esse solo.”
Com estas últimas palavras, de seu poema “Minha Índia”, Paramahansaji deslizou para o chão, com um sorriso beatífico em seu rosto. Ele dizia com frequência: Eu não quero morrer em uma cama, mas sim com minhas botas calçadas, falando de Deus e da Índia.”
Extraído de “Paramahansa Yogananda – In Memoriam – The Master´s Life, Work, and Mahasamadhi”, Self-Realization Fellowship, 1976. Tradução informal.
‘A última foto de Paramahansa Yogananda, tirada poucos minutos antes de sua partida, mostra a esposa do Embaixador da Índia respeitosamente fazendo o pronam para ele. A Índia assim, simbolicamente, expressou por meio dela uma gratidão de coração ao seu grande filho no Ocidente.’