A atitude correta em relação ao sofrimento

Há dois tipos de buscador: os que são como o macaquinho e os que são como o gatinho. O macaquinho se pendura na mãe; mas quando ela pula, ele corre o risco de cair. O gatinho é carregado pela mãe gata, satisfeito de ir aonde ela o leva. Ele confia totalmente na mamãe gata. Eu sou mais assim; entrego toda a responsabilidade à Mãe Divina. Mas é preciso grande força de vontade para manter esta atitude. Em qualquer circunstância – saúde ou doença, riqueza ou pobreza, dia ensolarado ou nublado – seu sentimento precisa continuar inabalável. Mesmo que você esteja na caixa de carvão do sofrimento, não pergunte a razão de ter sido colocado ali pela Mãe Divina. Tenha fé em que Ela sabe o que faz. Muitas vezes o que parece um desastre acaba sendo uma benção.

Quando o Golden Lotus Temple* desabou, primeiro achei que era uma terrível catástrofe; mas acabou sendo bom, pois fez com que eu fundasse outros templos e ashrams.

O desalento não é senão a sombra que projeta a mão da Mãe Divina estendida carinhosamente. Não se esqueça disso. Às vezes, quando a Mãe vai acariciá-lo, Sua mão produz uma sombra antes de o tocar. Desse modo, quando as dificuldades chegarem, não imagine que Ela o está punindo. Sua mão projetando uma sombra detém alguma bênção ao estender-se até você para trazê-lo para mais perto Dela.

O sofrimento é um bom professor para os que aprendem com ele rapidamente e de boa vontade, mas torna-se um tirano para os que resistem e se ressentem. O sofrimento pode nos ensinar quase tudo. Suas lições nos estimulam a desenvolver discernimento, autocontrole, desapego, moralidade e consciência espiritual transcendente. Uma dor de estômago, por exemplo, nos diz para não comer em excesso e prestar atenção ao que comemos. A dor resultante da perda de riquezas ou de pessoas queridas nos lembra a natureza temporária de todas as coisas neste mundo de ilusão. As consequências das ações errôneas nos impelem a exercitar o discernimento. Por que não aprender por meio da sabedoria? Dessa maneira você não se submeterá à dolorosa disciplina – desnecessária – deste rude capataz: o sofrimento.

Trecho do livro Jornada Para a Autorrealização (página 259), de Paramahansa Yogananda

*O “Templo do Lótus Dourado”, primeiro templo da Self-Realization Fellowship, inaugurado em 1938 nos jardins do eremitério de Encinitas, ficava à beira de um penhasco que dava para o Oceano Pacífico. Ele sucumbiu a uma gradual erosão costeira; posteriormente foi substituído por um novo da SRF em Encinitas.

 

 

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