A morte é uma recompensa

O sono é agradável porque você esquece as preocupações do dia. Da mesma forma, o sono mais profundo da morte também é muito agradável, quando ela chega. Mas não deseje a morte para evitar as duras lições da escola da vida. Isso seria errado. Sejam quais forem as provas que a vida lhe trouxer, você precisa passá-las com bravura. Quando você vence aqui, a morte vem como uma recompensa, pois é o fim do sofrimento. Quando alguém sofre grande agonia, os outros pensam: “Que horror!” E se a pessoa morre, todos sentem muita pena porque ela teve que partir. Amigos e familiares se reúnem em volta da pessoa e lamentam: “Ah, que tristeza”. Mas estão enganados. A morte recompensou essa pessoa com a libertação de todo o sofrimento. Ela está muito melhor que eles, pois não tem mais que suportar a dor e o desconforto. Está livre e feliz. Portanto, quando chegar a sua hora e lhe disserem que você vai morrer, sorria e responda: “É só isso? Ótimo. Estarei livre de todos os trabalhos e responsabilidades.”

Certa vez, escrevi sobre a visão que tive de um jovem moribundo, em que Deus me mostrou a atitude certa em relação à morte. O jovem estava num leito, e os médicos lhe disseram que tinha só mais um dia de vida. Ele retrucou: “Ainda falta um dia para encontrar meu Amado! Um dia ainda para que a morte abra os portões da imortalidade e, então, estarei livre da prisão da dor. Não choreis por mim, ó vós que ainda jazeis abandonados nestas praias desoladas a lamentar e chorar; sou eu quem se compadece de vós.”

Não há motivo para temer a morte; a dor é o que receamos. A dor da morte em si é muito pequena. Contudo, por que o Senhor não nos deu o poder de trocar nosso velho e alquebrado corpo da mesma forma que trocamos de roupa? Você não gostaria de ter um corpo jovem quando o antigo ficasse velho ou fraco, sem ter de morrer e renascer? É isto que alguns iogues fazem. Uma vez, na Índia, um iogue muito idoso foi aos locais de cremação. No topo de uma pira funeral estava o corpo de um jovem, prestes a ser cremado. O velho gritou: “Parem! Preciso desse corpo!” E quando falava, a forma do jovem, ganhando vida com o espírito do iogue, saltou para fora da pira e o velho corpo do santo caiu ao chão. Portando sua nova morada física, o iogue saiu correndo e logo desapareceu na multidão. Os familiares, assombrados, cremaram o corpo do velho.


Trecho do livro O Romance com Deus (pág. 205)

 

O Romance com Deus está à venda pelo site da Livraria Omnisciência.